Goiânia/GO
A exposição possui curadoria de Divino Sobral e reúne obras de seis artistas residentes em Goiânia que integram o elenco de representações da Galeria: Estêvão Parreiras, Evandro Soares, Iêda Jardim, Kboco, Luiz Mauro, Mateus Dutra. São nomes de diferentes gerações, formações e tendências artísticas, que trabalham com distintas categorias visuais empenhados em dialogar com as questões da arte e da vida contemporâneas.
A exposição foi concebida pelo curador como uma peça musical ao modo da música de câmara, e nela “cada artista desempenha a função de um instrumento, sendo ao mesmo tempo solista e membro de um coletivo que cria a polifonia??. O conjunto revela que apesar das distâncias existem afinidades que permitem a aproximação entre as obras, destacando-se o aspecto gráfico, o farto uso de preto e branco ou do rebaixamento cromático em contraponto aos raros momentos iluminados pela cor, a presença de assuntos e de símbolos advindos da memória individual e coletiva, a relação bastante singular com a história da arte, os tributos devidos ao muralismo e ao grafitti, a manifestação do desejo de cura que é tão típica da nossa época.
Posicionadas entre desenho e pintura, as obras de Luiz Mauro representam os ateliês das artistas Rosângela Rennó e Sônia Gomes chamando atenção para a importante contribuição das mulheres para a arte brasileira. Evandro Soares exibe uma obra que relaciona desenho e objeto e outra que coloca o desenho como escultura criando movimentos de expansão e retração da forma no espaço. Kboco apresenta pintura sobre tela e mural, reunindo elementos ornamentais de diversas culturas não ocidentais e criando superposições de camadas de símbolos que remetem à caligrafia árabe, aos emblemas do candomblé, à arquitetura russa, entre outras expressões. Mateus Dutra mostra obras sobre tela e papel que revelam a intensa atividade que o desenho vem tendo na formação de seu atual imaginário, marcado por formas orgânicas que parecem sair da memória do artista. Estêvão Parreiras traz desenhos sobre papel que demostram seus vínculos com a religiosidade e com a cultura popular dos ex-votos, juntando memória, fantasia e devoção. Iêda Jardim expõe objetos realizados em porcelana que remetem à memória infantil e ao ambiente doméstico da casa, e, também, uma performance, linguagem nova no repertório da artista, relacionada com processo de cura de enfermidades.